Viagem às Ruínas de São Miguel

Agenor, Cléia e Hélio

Agenor de Mello Coelho, Presidente do CEL - Centro de Escritores Lourencianos, a Vice-Presidente, Cléia Leoni Dröse e o 2º Tesoureiro, Hélio Silveira de Mendonça Jr., em viagem cultural às Ruínas de São Miguel das Missões, acompanhando estudantes do ensino fundamental da E.E.E.F.Padre José Herbst.

Dentre muitas fotos trouxemos, também, 1001 inspirações no peito que se transformarão em trabalhos literários, muito em breve...
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Mais registros fotográficos
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Catedral de Santo Ângelo - Santo Ângelo/RS
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Pórtico de entrada para São Miguel das Missões e Ruínas
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O QUE DIZ A HISTÓRIA
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           Como foi o surgimento dos Sete Povos das Missões

Antes de se mostrar o retorno de parte dos povos ao território do atual Rio Grande do Sul, dando origem aos chamados Sete Povos das Missões, é importante mostrar algumas das causas e justificativas possíveis para esse novo grande movimento populacional comandado pelos jesuítas.

Em todas as reduções implantadas no Tape e na margem esquerda do Uruguai, havia já, quando da transmigração, boa infra-estrutura montada, especialmente a formação de enormes estâncias, que se estendiam até próximo de Montevidéu, capital do Uruguai, com a criação de milhares de cabeças de bovinos e eqüinos, especialmente bovinos.

O gado foi introduzido no Paraguai por volta de 1555, procedente de São Vicente, no Brasil, no início de sua formação. Chegou a ser levado para as reduções ao Norte do rio Uruguai nos primeiros anos de seu desenvolvimento, mas as primeiras cabeças somente foram introduzidas na margem esquerda, ou seja, em atual território brasileiro, por volta de 1629, de acordo com a versão dos jesuítas. Alguns historiadores acreditam que a introdução tenha sido feita por João de Garay, um dos primeiros governadores do Prata, e ampliada por seu genro Hernando Artas de Saavedra, ou Hernandárias, depois governador do Paraguai, mas os jesuítas desmentem essa versão.

Seja como for, os rebanhos cresceram muito. E, procriando nas grandes estâncias das reduções que, efetivamente, se aproximavam de Montevidéu, proliferaram tranqüilamente após a transmigração para a margem direita do rio Uruguai. Mesmo depois da transmigração, os jesuítas continuaram enviando reprodutores para as estâncias das antigas reduções, proibindo que os índios vaqueassem nessas áreas, para que pudesse aumentar a reprodução. Somente a partir de 1677 os jesuítas permitiram que os índios das reduções da margem direita do Uruguai começassem a se abastecer com o gado da outra margem, nas pradarias do atual Rio Grande do Sul. Apenas os índios e jesuítas conheciam o potencial das chamadas vacarias, mas logo o segredo foi descoberto.

Em 1680 Portugal fundou a Colônia de Sacramento, no atual Uruguai, defronte a Buenos Aires, criando um território totalmente isolado de sua Colônia do Brasil, visto que o atual Rio Grande do Sul era área da Coroa espanhola.

Concretizada a fundação, a fortificação dos portugueses foi cercada por tropas espanholas enviadas de Buenos Aires, que ficaram ali por longo tempo, até receberem a ordem de ataque, afinal determinado e bem-sucedido. Durante o cerco, no entanto, as tropas de Buenos Aires tiveram contato com o enorme potencial bovino da região, ao descobrirem como os portugueses atendiam em parte suas necessidades alimentares: eles compravam gado dos índios charruas (inimigos do grupo guarani), que conseguiam burlar o cerco da parte oponente.

Nos anos seguintes houve grande pressão para exploração do potencial bovino da região e, em 1716, os jesuítas tiveram que começar a dar concessões a espanhóis, para captura de seus rebanhos.

Graças a isso, Montevidéu, Buenos Aires, Santa Fé e outras povoações já eram abastecidas com o gado das vacarias das reduções nos anos que se seguiram, e até os portugueses da Colônia de Sacramento, auxiliados por tribos de índios minuanos, se dedicaram à exploração e passaram a exportar, inclusive para a Europa, graxas obtidas a partir do gado capturado.

A Colônia de Sacramento mudou de mãos diversas vezes. Depois de ser tomada pelos espanhóis, voltou a ser devolvida aos portugueses em 1683, devido ao interesse das duas coroas em evitar uma guerra de maiores proporções.

Quase ao mesmo tempo, como conta Alfeu Nilson Mallmann, em seu livro "Retrato sem Retoque das Missões Guaranis", houve "a decisão dos jesuítas de novamente ocuparem as terras da margem esquerda do Uruguai, numa aparente atitude de se contrapor à permanência daquele enclave português no Prata (a Colônia de Sacramento) e que tornava clara a política de Portugal em querer ocupar todo o litoral atlântico até o estuário". Ele mesmo levanta a possibilidade de que as autoridades espanholas podem ter forçado os jesuítas a adotar essa atitude, de forma a que os índios missioneiros fossem um obstáculo ao avanço português.

Atendendo ou não ao pedido da Coroa Espanhola, ou simplesmente retornando às terras que julgavam de suas reduções e foram abandonadas depois dos ataques dos bandeirantes, os jesuítas comandaram o retorno à margem esquerda do rio Uruguai (Rio Grande do Sul) de parte dos povos transmigrados, em 1687.

Nesse ano fundaram a redução de São Francisco de Borja, atual cidade de São Borja, com índios oriundos da redução de São Tomé, do outro lado do rio, fundando, ainda no mesmo ano, as reduções de São Nicolau, São Luiz Gonzaga e São Miguel, com índios oriundos de Apóstoles, Conceição e São Miguel, na margem direita.

São Miguel foi a única que transmigrou totalmente, ocupando, no entanto, área diferente daquela onde se situam as ruínas de São Miguel, as quais ainda podem ser visitadas. Estabeleceu-se inicialmente nas margens do rio Jaguari, mas ainda antes de 1690 foi para sua última localização, em razão de uma "praga de tigres". Em 1690 parte da redução de Santa Maria la Mayor, na margem direita, forma na margem esquerda São Lourenço Mártir; em 1697, parte de São Miguel, que já estava superpovoada na margem esquerda, forma São João Baptista; e, em 1706, parte dos índios de Concepción forma Santo Ângelo Custódio (atual cidade de Santo Angelo).

São esses os chamados Sete Povos das Missões, no lado brasileiro: São Francisco de Borja, São Luiz Gonzaga, São Nicolau, São Miguel, São João Baptista, São Lourenço Mártir e Santo Ângelo Custódio.

Em meados do século XVIII ainda foram formadas mais três reduções ao Norte de Assunção, no Paraguai, completando o mapa da República Guarani numa terceira e derradeira fase.

Essas reduções, de acordo com os objetivos dos jesuítas, deveriam servir de apoio para a ligação com a chamada República dos Chiquitos, no Peru, e existem muito poucas informações sobre elas. Tratam-se das reduções de São Joaquim, Santo Estinislau e Belém, fundadas, respectivamente, em 1746, 1749 e 1760.

Completadas as implantações dessas reduções, o mapa da República Guarani em sua terceira fase era o seguinte, em meados do século XVIII:

NO ATUAL PARAGUAI, AO NORTE: Belém, São Estanislau e São Joaquim; ao Sul, Santa Maria da Fé, Santa Rosa, San Ignácio Guazu, Santiago, São Cosme, Jesus, Trinidad e Encarnación ou Itapua.

NA ATUAL ARGENTINA: Corpus, San Ignácio Mini, Loreto, Sant'Ana, Candelária, São Carlos, São José, Apóstoles, Concepción, Assunción, Santa Maria, San Javier, Mártires, São Tomé, La Cruz e Yapeyú.

NO ATUAL RIO GRANDE DO SUL: São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Lourenço, São Borja, São Miguel, São João e Santo Ângelo.

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Comentários

  1. Parabens pela iniciativa, indicarei nas minhas páginas. Aguarde.
    Abração
    www.luizalbertomachado.com.br

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