HOMENAGEM A UM GRANDE AMIGO - SAUDADES

O CONTADOR DE HISTÓRIAS

            Havia uma vez um homem. Um homem simples, e ao mesmo tempo culto e complexo. Trazia na face aquela alegria de menino descobrindo o mundo e quanto mais descobria, mais queria descobrir. Tinha prazer em contar suas histórias e encantava a todos com o muito que sempre tinha para relatar.
            Às vezes falava de Dilermando e Ana de Assis, não como personagens do seriado de televisão, mas como seres reais que protagonizaram uma tragédia real envolvendo um grande escritor brasileiro.  
            Falava dos muitos lugares por onde seus pés haviam caminhado, da Geografia e da História destes lugares.
            Outras vezes, parecia um menino falando das sombrinhas coloridas que protegem as mulheres em dias de chuva.
            Havia momentos em que recitava poemas curtos, quase sempre com um toque de bom humor ou descontração. Sua presença era sempre garantia de boa conversa e muita informação.
            Mas o que os amigos não haviam se dado conta é que era humano, homem, no sentido amplo da palavra. E como homem – e tudo o mais neste nosso planeta – passageiro. E quando menos os amigos esperavam, deu sinais que ia deixar esta nave Terra. Ninguém quis acreditar, mas aconteceu.
            E embora o tempo passe, seus amigos ainda não conseguem acreditar que não está mais entre eles, que não há mais histórias nem explicações.
            A verdade é que este homem, amigo por excelência, faz muita falta neste conturbado mundo apressado que gira e segue sem que tenhamos idéia para onde estamos indo.
                                                                                      Cleia Dröse

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